Editorial equipe Kovver.
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Nas entranhas das vastas faixas suburbanas de San Diego, havia um garoto chamado William. Ele era um adolescente, mas seu espírito era tão antigo quanto os discos de vinil que ele adorava. Seus olhos brilhavam com uma sede insaciável de compreender o mundo, uma curiosidade que só era alimentada pelas melodias e letras dos álbuns de sua irmã mais velha.
A cada noite, após terminar suas tarefas escolares, ele se refugiava em seu quarto, mergulhando no mundo de Janis Joplin, The Who, Led Zeppelin, e muitos outros. Os sons dos discos fluíam de sua vitrola, enchendo seu quarto com acordes e harmonias. A música tinha dentes, e mordia fundo, seu veneno se infiltrando em suas veias, gerando uma necessidade que ele mal conseguia explicar. Era como se cada acorde, cada nota, cada pausa o conectasse com algo maior, algo que ia além do seu mundinho.
E então, em um dia que começou como qualquer outro, sua vida deu uma guinada. Uma revista – não qualquer revista, mas a Rolling Stone, a mesma que continha as palavras de Lester Bangs, o crítico de rock que ele tanto admirava – queria que ele escrevesse sobre uma banda. Stillwater, eles se chamavam. Ele só tinha ouvido falar deles, suas músicas tocadas esporadicamente nas estações de rádio, mas William sabia que essa era sua chance.
Esta era a oportunidade de tocar o coração da música, a batida pulsante que estava por trás do estrondo das guitarras e do rugido da bateria. De ver o que realmente acontecia por trás das cortinas, além dos holofotes, e entender a verdadeira essência do que significava viver e respirar a música. Esta era a sua chance de fazer parte do mundo que ele apenas observava de longe, de não apenas ouvir, mas sentir cada batida, cada nota, como se fossem suas.
E assim, sem qualquer experiência, armado apenas com sua paixão pela música, seu bloco de notas e uma caneta, ele se aventurou no desconhecido. Ele deixou sua casa, sua mãe preocupada, e a segurança de sua vida comum para trás, indo em direção ao chamado da estrada. O chamado que ele sabia que, se recusado, seria como recusar a si mesmo.
O desconhecido era assustador, sim, mas também excitante. Ele estava prestes a embarcar em uma jornada que poucos poderiam sonhar, uma viagem que prometia aventura, descoberta, e acima de tudo, música. E embora ele soubesse que havia desafios à frente, obstáculos que ele teria que superar, William estava pronto. Ele estava pronto para viver a música, para realmente entendê-la, e nada poderia impedi-lo.
*Crônica baseado no filme Stillwater | Almoust Famous.